fotografia de Pierre Le Page

E preciso ter uma certa lata para cantar o fado - canto urbano e popular português, nascido nos bairros pobres de Lisboa no primeiro quartel do século 19 - … sobretudo quando se trata de franceses ! É este o desafio que se lançaram os « Vadios do Fado », um grupo de 4 loucos : Yannick à guitarra folk, Pierrot à guitarra portuguesa e à viola, Etienne ao contrabaixo, e Karine a cantar.

O nome do grupo é também uma referência a « vadios » que significa « vagabundos », mas também « rufias », como se chamavam os que cantavam o fado no início (rufias, meretrizes), a também à maneira como este canto vive ainda hoje, jà que toda a gente pode cantar o « fado vadio » onde ele se pratica, em Lisboa ou em qualquer outra parte.

Foi assim que Karine, a cantadeira, ao acaso dos bares, tascas e encontros, aprendeu a cantar o fado. Com o grupo, ela faz viver esta canção, deixando margem para improvisaçao e convidando outras e outros a tocar e cantar quando é possivel. O fado é sobretudo um canto que sai do ventro, guiado pela musicalidade das guitarras, mas também da poesia e da língua portuguesa. Este canto, nem melancólico ou nostálgico, nem suplicante ou enfadonho, deixa sair livramente todos os sentimentos da vida…a alegria, a tristeza, a raiva, a surpresa, a saudade, a esperança num mundo diferente… Afinal, o fado, reflexo natural da « alma portuguesa » e do passado - ou canto vivo que se pode deixar domesticar ?

Cada qual podera julgar…!